"O psicólogo não pode mais ter uma visão estreita de sua intervenção, pensando-a como um trabalho voltado para um indivíduo, como se este vivesse isolado, não tivesse a ver com a realidade social, construindo-a e sendo construído por ela. É preciso ver qualquer intervenção, mesmo que no nível individual, como uma intervenção social e, neste sentido, posicionada. Vamos acabar com a idéia de que mundo psicológico não tem nada a ver com mundo social. Que sofrimento psíquico não tem nada a ver com condições objetivas de vida. Os psicólogos precisam ter clareza de que, ao fazer ou saber Psicologia, estão com sua prática e seu conhecimento interferindo na sociedade."

Fonte: https://doi.org/10.1590/S1413-294X1999000200008

Ana Mercês Bahia Bock Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brazil

Esse trecho reflete uma visão contemporânea e ampliada do papel do psicólogo na sociedade.

Ele enfatiza a importância de não limitar a intervenção psicológica apenas ao nível individual, reconhecendo que os problemas psicológicos estão interligados às condições sociais, culturais e políticas em que as pessoas estão inseridas.

Ao entender que a intervenção psicológica é também uma intervenção social, os psicólogos são incentivados a considerar e analisar as influências externas que impactam a saúde mental e emocional de seus pacientes.

Isso envolve não apenas compreender as experiências individuais, mas também examinar as estruturas sociais, econômicas e políticas que podem contribuir para o sofrimento psíquico e para a saúde mental como um todo.

Essa abordagem ampliada da prática psicológica incentiva os profissionais a se engajarem em questões sociais relevantes, a promoverem ações que visem a redução de desigualdades e a melhoria das condições de vida das pessoas.

Isso inclui não apenas o atendimento clínico, mas também o ativismo social, a defesa de direitos humanos e a promoção de políticas públicas que favoreçam o bem-estar psicológico da população.

Em resumo, o trecho destaca a importância de uma visão integrada e socialmente engajada da Psicologia, na qual os psicólogos reconhecem sua influência e responsabilidade não apenas no contexto individual, mas também na transformação e na construção de uma sociedade mais saudável e justa.